segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Concursos de ideias

Li ontem um artigo interessante no blog TechCrunch sobre os inúmeros concursos de ideias que se tornaram habituais desde que o empreendedorismo entrou na agenda de políticos, universidades, associação empresariais, capitais de risco,...: Winner’s Curse: Why Losing A B-School Biz Plan Competition Is Better Than Winning.


Para além duma breve história da origem destes concursos, este autor, professor na prestigiada Duke University, desenvolve o talvez estranho argumento de que os mesmos não servem para criar fantásticas startups.
Procura mesmo demonstrar que isso nunca aconteceu, ou seja, nenhum destes concursos terá alguma vez dado origem a uma nova empresa de grande impacto!

No entanto, defende que os concursos de empreendedorismo são duma grande utilidade na formação dos estudantes universitários, por tudo aquilo que aprendem sobre as dificuldades de criar uma startup.

A minha própria investigação mostrou que os concursos realizados em Portugal ajudam os concorrentes a melhorar as suas capacidades para identificar oportunidades e criar novas empresas.

Parece ser portanto uma moda a que vale a pena dar continuidade.

sábado, 28 de novembro de 2009

The Muppets: Bohemian Rhapsody

Não perder este vídeo dos velhinhos marretas a cantar os velhinhos Queen: Bohemian Rhapsody

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Incubadoras, pré incubadoras, incubadoras virtuais

Incubar consiste em pegar nos ovos, dar-lhes calor num local abrigado e acolhedor e esperar que eclodam.
É isso que fazem as aves, depois de porem os ditos.
É isso que fazerm os criadores de aves (em Portugal, isso acontece especialmente com frangos e codornizes).

É isso que fazem as incubadoras de empresas. Acolhem os novos projectos, num ambiente acolhedor, até que a nova empresa esteja bem "eclodida" no mercado e, portanto, em condições de voarem "solo".

Para isso, cedem instalações a preços reduzidos, oferecem serviços de apoio e fomentam o networking da jovem empresa, para que esta possa desenvolver o seu potencial em segurança.

Três variações devem ser consideradas:
1) as pré-incubadoras
Acolhem empreendedores que estão a desenvolver um projecto, até ao momento da criação da nova empresa, frequentemente pelo prazo máximo dum ano;
2) as incubadoras
Acolhem empresas acabadas de criar, durante um período de dois ou três anos, até que estas se "emancipem";
3) as incubadoras virtuais
Fornecem os mesmo serviços que as outras incubadoras, com particular ênfase no networking, mas não disponibilizam instalações.

Vem isto a propósito do meu "choque" quando constatei que a única incubadora a funcionar em Santarém (a DET) está fechada e em obras, tanto on como offline.
Não sei o motivo, mas não deixarei de indagar.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

franchising

O IIF – Instituto de Informação em Franchising realizou na passada terça-feira o I Encontro dos Profissionais de Franchising, em Lisboa, e fez o favor de me convidar para um dos painéis, onde se abordou o futuro do franchising depois da crise.

A experiência foi deveras interessante, sobretudo por me ter permitido ver como os participantes (franchisadores) olham para o futuro, procurando identificar as tendências e as mudanças em curso na sociedade portuguesa.

Nem sempre se tem a noção da quantidade de marcas portuguesas que se tem expandido através do franchising, nem do know-how que o país acumulou nesta área e que leva a que algumas dessas marcas estejam hoje presentes em vários outros países, ou que algumas marcas estrangeiras confiem a internacionalização pela via do franchising aos parceiros portugueses.

A imagem que me ficou mais marcada na retina foi ver um grupo de pessoas cujo negócio consiste (grandemente) em "vender" modelos de negócio que demonstraram resultar no passado, a olhar para o futuro e a procurar a mudança (em vez de a evitarem).

Assim fizessem todos os sectores da economia portuguesa.


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Depeche Marketing

O show dos Depeche Mode no Pavilhão Atlântico, sábado à noite, foi muito bom. Um espectáculo multimédia bem produzido que animou uma multidão acima das 15 mil pessoas, que esgotou o recinto.
Animou tanto que até fez com que esquecêssemos a péssima organização da UAU, que obrigou milhares de pessoas com bilhete comprado a esperar mais de uma hora à chuva, até poder entrar no recinto. Inacreditável. Onde fica o livro de reclamações numa hora destas?


(foto publicada em wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Depeche_Mode)

Este sucesso duma banda com quase três décadas de carreira, mas que não publica um disco de topo há tanto tempo, faz pensar como a indústria da música mudou e como o modelo de negócio e as estratégias de marketing são hoje muito diferentes.

Afinal esta banda foi criada numa altura em que o objectivo desta indústria era vender discos (CDs)! Ponto.
Era isto que fazia a fama e a fortuna!
Os espectáculos serviam para promover os CDs. Faziam-se tornées para divulgar e promover os novos CDs, porque eram uma boa forma de os dar a conhecer. As receitas dos espectáculos eram muito inferiores às receitas dos CDs.
O objectivo era, portanto, vender CDs.

Entretanto, surgiu o mp3. E o download de músicas da net.

A indústria mudou radicalmente e aproximou-se do modelo de negócio a que actualmente se costuma chamar "FREE".

As pessoas compram hoje muito menos CDs. Em vez disso, fazem download (legal ou ilegal) das músicas que querem ouvir no seu mp3.

As receitas de vendas de CDs caíram para metade desde 1999.
Mesmo somando as vendas de CDs aos downloads legais de música, os valores de 2009 continuam muito distantes do que eram há uma década.

No entanto, esta enorme vaga de ficheiros mp3 que varreu o mundo e levou todo o tipo de música aos milhões de computadores ligados à net teve o efeito de divulgar e tornar mais conhecido o trabalho dos artistas.
Com isso, e com a melhoria nas salas de espectáculos, registou-se um espectacular crescimento nas receitas dos espectáculos ao vivo, que mais do que compensou a quebra nas vendas de CDs.

A fama e a fortuna conseguem-se agora fazendo grandes espectáculos ao vivo!
Passou-se a um modelo de negócio em que os CDs são lançados para promover as digressões de espectáculos ao vivo. Em cada vez mais casos, as bandas (sobretudo as mais conhecidas) até oferecem o download (legal) dos novos temas a partir dos seus sites oficiais, para os tornar conhecidos e, assim, chamar público aos seus espectáculos.

Desta forma, percebe-se melhor o fenómeno de bandas como os Depeche Mode que enchem salas de espectáculo, sem publicarem CDs de monta há mais duma década.
É que a música deles já é bem conhecida e os downloads ilegais só vieram ajudar a espalhá-la pelo planeta.
Agora só têm de facturar nessa notoriedade adquirida, vendendo espectáculos ao vivo.

Ou seja, a indústria da música for forçada a adoptar um modelo de negócio que outras indústrias adoptam por escolha: oferecer de graça aquilo que parece ser o produto principal, para facturar com aquilo que aparentemente são os "sub-produtos".
É o modelo dos fabricantes de impressoras que quase oferecem (nalguns casos, oferecem mesmo) as impressoras, para depois facturarem nos tinteiros.

É toda uma nova tendência que promete mudar as estratégias de marketing das empresas e que vem razoavelmente ilustrado num livro recentemente publicado em Portugal: Free (2009) Chris Anderson, Random House.
 
É uma estratégia de marketing que, como todas as outras, tenta concretizar, em relação ao mercado, aquilo que os Depeche Mode cantam à quase trinta anos:
 
reach out and touch me!