domingo, 31 de janeiro de 2010

quem vai controlar a banca?

Tem sido frequente ouvir os políticos falar na necessidade de regulamentar e controlar a banca, para que não volte a acontecer uma crise como a última.
Ele é o Obama, o Durão, o Sócrates, toda a gente diz que esta é uma prioridade e que tem de se aprender com os erros e tal...

Falar é fácil e, sobretudo, barato.
Resta saber como é que alguém vai conseguir fazê-lo.

Para ficarmos com uma ideia das dificuldades em concretizar essas vontades políticas, basta olhar para o próximo gráfico:




Fala por si póprio, não é?

Desde que deram rédea solta à banca para "inventar" produtos financeiros (a tal história da desregulamentação que era uma coisa muito boa, lembram-se?) que os activos bancários "descolaram" da realidade da riqueza criada no mundo.

Tendo em conta que cada um daqueles activos tem um dono e que esse alguém não estará muito disponível para que o mesmo passe a valer zero, "recolar" as duas situações vai ser seguramente penoso, se é que possível.

Tendo ainda em conta que reduzir a liquidez das economias não se faz sem prejudicar o seu crescimento (não creio que alguém tenha inventado forma de o conseguir... até à data), boa sorte para os políticos que querem controlar esta situação...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Lançamento do ipad: génio de imarketing

À hora que escrevo, o Steve Jobs está no palco a apresentar o novo produto da Apple: o ipad.

Finalmente.

Nas últimas semanas, não se fala de outra coisa nos blogs, nas revistas, em toda a parte.
Criou-se uma autêntica euforia com muita gente a tentar "adivinhar" qual ia ser o nome, as características, o aspecto do novo "brinquedo".

A ansiedade criada à volta deste evento acabou por passar para segundo plano o discurso do estado da nação que o tal de Obama vai fazer ainda esta noite.

Steve 1 - Barack 0

Claro que nada disto é resultado do acaso.

A estratégia de promoção da Apple para lançar o ipad foi absolutamente brilhante. Foi o imarketing no seu melhor!

Começaram por criar um enorme secretismo à volta do produto que estavam a desenvolver e, há cerca de dois meses começaram a surgir "rumores" de que a Apple podia lançar um novo produto em Janeiro, depois "rumorou-se" que podia ser um tablet pc e só nos últimos dias começaram a surgir dados mais concretos e até uma ou outra foto do ipad.

Com esta estratégia de secretismo, seguido de pequenas "fugas" de informação, criaram toda uma expectativa que maximizou o impacto do lançamento oficial do produto.

Resta saber se vai ser outro sucesso que reestrutura uma indústria (ou várias) e muda os hábitos do consumidor - como o ipod, o itunes ou o iphone - ou se será o primeiro grande flop do visionário Steve Jobs.




Veremos rapidamente.
Para já, a Apple propõe que este seja o aparelho mais indicado para funções intermédias entre o laptop e o smartphone: navegar, trocar emails, ver e partilhar fotos e vídeos, leitura digital (livros e jornais) e jogos.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Empreendedorismo imitador, ou como encontrar boas ideias de negócio: copie a concorrência

Existe uma enorme tendência para misturar empreendedorismo e inovação.

É quase uma mania: empreendedor tem de ser inovador!

E, no entanto, existem tantos exemplos de empresas de conquistaram sucesso (e lucro) pegando nas ideias dos concorrentes e fazendo melhor. Muitas vezes nem sequer se superiorizam aos concorrentes por lançarem melhores produtos, mas apenas por terem melhores estratégias de (ou mais dinheiro para a) promoção.

Exemplo clássico desta estratégia é a Microsoft. Muitos dos melhores produtos deles não foram inovações. O Excel foi lançado depois do Visicalc e do Lotus 123. O Word também não foi o primeiro processador de texto. Na verdade, a maior parte do MS Office enquadra-se nesta situação.

Outro exemplo mais recente é o gigante dos jogos sociais Zynga (farmville, fishville, mafia wars, pet ville, cafe world, yoville, ...)

Dos 19 jogos que oferece para jogar no Facebook, só um foi inovação da Zynga. Todos os outros foram lançados para concorrer com um jogo já existente (Mob Wars, Farm Town, Fish World, Restaurant City, Pet Society, ...).

Em todos os casos, a Zynga "esmagou" a concorrência com uma capacidade de promover e de distribuir o seu produto superior.

Que não se diga, portanto, que é preciso ser inovador para ser empreendedor. Ou para criar uma empresa com 250 milhões de dólares de facturação...

Mitos sobre o empreendedorismo

À medida que a investigação sobre empreendedorismo vai amadurecendo e ganhando um carácter mais científico e menos ´"revista côr-de-rosa", têm aparecido estudos interessantes comparando a realidade (avaliada com estudos empíricos) com os mitos mais correntes sobre o que é isso de ser empreendedor.

Deixo aqui um que considero muito interessante, com um resumo da minha autoria:






Para consultar o artigo completo sobre os mitos do empreendedorismo, o link é este!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Os jornais morreram?

A indústria dos jornais publicados em papel passa por grandes transformações, desde que os sites noticiosos e as próprias redes sociais (sobretudo o Twitter e o Facebook) se tornaram fontes privilegiadas de notícias.

Para quê esperar pela manhã do próximo dia, se posso saber o que está a acontecer no mundo ?

Uma das consequências dessas mudanças (combinadas com a evolução da tecnologia usada para fazer os próprios jornais) está na evolução do emprego.

O gráfico que se segue mostra como o emprego nesta indústria nos EUA desceu abruptamente desde 88, chegando agora aos níveis do final da II guerra.




CHART OF THE DAY: The End Of Newspapers

Haverá ainda futuro nesta indústria?

O lançamento de novos jornais, como aconteceu em Portugal nos últimos tempos, parece indicar que sim.

No entanto, tudo é diferente nesta indústria e os jornais que vão sobreviver serão aqueles que conseguirem reinventar-se continuamente, para competir com a web 2.0.

Tempos interessantes aqueles em que vivemos.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Tianamen Google: censura Chinesa pode levar à ruptura



Rebentou a bronca entre a Google e as autoridades chinesas.

A empresa americana acusa os chineses de ataques aos seus servidores e resolveu acabar com a censura.

Antes de mais, começou a passar todas as contas de Gmail para a opção de acesso encriptado (https), o que deve ficar pronto nos próximos dias.

Para além disso, ameaça encerrar as suas actividades na China onde, de resto, tem uma posição de mercado bem menor do que no resto do mundo.

Já era tempo de alguém (de peso) começar a dizer aos dirigentes chineses que estamos no século XXI e não vão conseguir manter as suas populações isoladas do resto do mundo.

Alguém tem de dizer aos chineses, iranianos e coreanos deste mundo que o poder mudou de lado. Deixou de ser possível controlar as "emissoras" de informação e manter as massas desinformadas, porque agora são "as massas" que produzem os conteúdos e divulgam à velocidade da luz.

Basta ver a quantidade de fotos do terramoto no Haiti que foram divulgadas pelo mundo através do Twitter por habitantes da ilha armados de simples telemóveis.

Para além do lado político da questão, este conflito Google-China também tem um lado empresarial.
Se a Google sair da China vai ajudar ao crescimento do Baidu, que é "só" o quarto maior motor de busca no mundo...

A acompanhar.

Google Threatens To Pull Out Of China Over Free Speech

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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Facebook's $1 Billion Revenues Explained In 25 Words

Eis quando senão o Facebook se torna um modelo de negócio altamente rentável, com base na publicidade pay-per-clic...

Um bilhão (ou mil milhões, como se diz em Portugal) de dólares é muita massa e mostra porque é que a Google parece incomodar-se tanto com o Facebook.

Porquê?
Para além de ter 350 milhões de membros activos, o Facebook parece conseguir manter os seus utilizadores ligados muito mais tempo que os outros.

O gráfico seguinte mostra que os utilizadores do Facebook visualizam pelo menos o dobro das páginas que os utilizadores das outras redes sociais. Mais page views, mais tempo online, mais oportunidades para verem publicidade...



Facebook's $1 Billion Revenues Explained In 25 Words

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Notável para um grupo de estudantes universitários que queriam ver as fotos dos colegas para os reconhecerem...
Notável para uma empresa com pouco mais de 5 anos de actividade...
Notável para uns putos com menos de 30 anos...

YouTube's Staggering Growth Continues

E o youtube descola dos concorrentes e cresce cada vez mais!
Neste momento já tem mais do dobro das visitas dos seus concorrentes, todos juntos!




CHART OF THE DAY: YouTube's Staggering Growth Continues

E as receitas?

É que, apesar de todo este sucesso, aquilo continua a não dar dinheiro, porque ainda não conseguiram acertar num modelo de negócio que permita transformar todo aquele tráfego, todo aquele interesse em dólares.

Há muito quem diga que o vídeo online está neste momento na mesma situação em que estavam os motores de busca há dez anos. Muito interessante para o utilizador, mas nada de dinheiro. Depois, a Google inventou o adwords (publicidade pay-per-clic) e transformou-se numa empresa que vale mais de duzentos mil milhões de dólares.

Quem conseguir inventar uma fonte de receitas idêntica para o vídeo, tem portanto muito a ganhar.

Talvez até mais, porque enquanto as buscas online reflectem as intenções das pessoas, o vídeo online capta os seus interesses. Ora, os interesses são mais estáveis, mais de longo prazo do que as intenções.

Está, portanto, muito em jogo e este pode ser um ano bastante decisivo.

Let the games begin!

Bin Laden Is A Dying Brand... Almost

Parece que a marca OBL já teve melhores dias. Este estudo aponta para grandes quebras na confiança que os habitantes de vários países muçulmanos têm em Osama Bin Laden.

Será que estão a deixar de acreditar na sua capacidade de fazer explodir uns quantos aviões, comboios ou estações de metro?

Coitado do homem, fica uns tempos menos activo e pimba... o pessoal deixa de acreditar nele.

Onde já se viu isto?

Alguém se candidata a RP do homem?



CHART OF THE DAY: Bin Laden Is A Dying Brand... Almost

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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

How The US Government Payroll Replaced Goods-Producing Jobs

Afinal não é só em Portugal que a função pública cresce desmesuradamente, enquanto o emprego privado, "produtivo", se retrai.
Este gráfico mostra que o mesmo sucede nos USA:


CHART OF THE DAY: How The Government Payroll Replaced Goods-Producing Jobs

sábado, 2 de janeiro de 2010

Empreendedorismo Social

Empreendedorismo é criação!

Acima de tudo, criação de novas empresas!
Esta é a mais importante expressão do empreendedorismo.

Mas empreendedorismo também é criação de novas actividades em empresas já existentes, ou intra-empreendedorismo.
Ou a criação de novas actividades em nome individual (ou profissionais liberais).
Criar novas actividades (empresariais ou não) no sector público também é empreendedorismo, neste caso empreendedorismo público.
Finalmente, criar novas actividades de interesse social, sem fins lucrativos, também é empreendedorismo, neste caso, empreendedorismo social.

É uma vertente do empreendedorismo cada vez mais importante, da mesma forma que a economia social assume uma importância cada vez maior na sociedade actual.
É uma forma de dar resposta a necessidades que o Estado não consegue (ou não tem vocação para) satisfazer e para as quais não existe interesse comercial (normalmente por falta de poder de compra dos potenciais utilizadores).

Falo nisto do empreendedorismo social, depois de ter visto em acção um exemplo notável.

Isto de juntar um grupo de voluntários para irem, inclusivé na véspera de Natal, às urgências dar o almoço e o jantar a doentes sem capacidade para comerem sozinhos (neste caso, a um doente que não se podia levantar, nem sequer erguer a cabeça, por ter sido sujeito a uma punção lombar) é uma iniciativa notável da Cruz Vermelha.
Alivia a pressão sobre os enfermeiros e auxiliares que trabalham nas urgências.
Dá muito conforto e ajuda mesmo quem está doente.
Não dá lucro, mas acrescenta muita utilidade pessoal a uns e utilidade social à comunidade.

O que foi preciso para criar esta actividade de economia social?
Identificar a necessidade e angariar os recursos (neste caso, humanos, isto é, voluntários).
A última fase, lançamento no mercado, é um sucesso.

Bem hajam!



sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Lição de Marketing #2: cuidado com as expectativas!

Qualquer empresa de serviços sabe a importância que tem a gestão das expectativas do cliente para o manter satisfeito e para melhorar as vendas.

Se se trata dum serviço público, como o Serviço Nacional de Saúde, que se queixa de não ter uma boa imagem, isso será ainda mais importante.

Gerir as expectativas passa por não defraudar as pessoas em relação ao que elas esperam encontrar.
Logo, a gestão das expectativas faz-se em duas partes: na construção dessas expectativas e no desempenho do serviço.

Ora aquilo que o SNS demonstra é uma preocupação com o desempenho, que só por si já demonstra uma grande variação de pessoa para pessoa, e um total desprezo pela construção das expectativas.

Quando as pessoas esperam por ser atentidas ficam totalmente "no escuro". Não lhes é fornecida qualquer informação que lhes permita ter uma ideia do tempo que vai demorar a serem atendidas, de como será feito esse atendimento, por quem...
Com o nível de informatização que os serviços de urgência ostentam, não seria seguramente dificil fornecer essa informação.
De facto, alguns bancos já há vários anos que fornecem aos clientes uma estimativa da demora, assim que estes chegam e "tiram um senha", porque não fazer o mesmo nos hospitais? Qual a dificuldade?

Para o SNS, passar a fornecer indicações do tempo estimado de espera, seria um pequeno investimento informático, enquanto para os utentes, seria uma forma de saberem o que os espera, de terem um expectativa mais realista.

Desta forma seria mais dificil sentirem-se defraudados e frustrados.

Este "desprezo" pela gestão das expectativas dos utentes manifesta-se também na forma como a chamada para as consultas e para os exames é feita (pelo menos no S. Francisco Xavier), umas vezes com um som tão alto que não se percebe por estar distorcido, outras vezes, tão baixo que ninguém consegue ouvir.

De facto, ao nível do desempenho registam-se enormes diferenças.

Dum lado observei médicos, enfermeiros e auxiliares sempre atentos e diligentes.

Dou outro, observei funcionários de atendimento ao público, com aquela "cara de que nunca mais são horas de ir para casa e deixar de aturar estes chatos" e com uma atitude correspondente.

Acontece que, para a imagem final do serviço, com que o utente fica, tão importantes são uns como os outros.

Impunha-se, portanto que o SNS se passasse a preocupar com a construção das expectativas (falem com os utentes, pá!) e com o desempenho de todos os que têm contacto com o público.

Provavelmente isso não acontece porque os gestores ainda acham que marketing é o mesmo que publicidade... daí todos estes crimes.