quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O estranho caso da Apple

É justo dizer que esta foi uma empresa marcante nos últimos anos.
Foi ela que revolucionou o negócio da música com o ipod.
Foi ela que transformou o negócio das comunicações móveis com o iphone.
É ela que mantém nervosa toda a gente nos negócios da TV, dos jogos vídeo,... com medo de que entre nestes negócios.
E, como se não bastasse, continua a vender computadores a fiéis clientes.

No entanto, esta empresa "marcante", que regista alguns dos casos de maior sucesso no marketing da última década, não usa o Twitter, pouco ou nada faz no Facebook, não se envolve em comunidades online, não percorre os fóruns para interagir ou sequer responder aos clientes... na verdade, nem passa cartão às críticas.

A estratégia de marketing da Apple que, repito, produziu alguns dos maiores sucessos na última década (a começar pelo ipod, claro) é o mais "clássico" que pode haver.
Gastam dinheiro a rodos na promoção. Onde?
Anúncios na TV, rádio e imprensa escrita.
Mesmo a publicidade que faz online é consituída por banners da "velha escola". Pouco ou nada faz de adwords ou outra publicidade pay-per-click.

Isto não é um enorme contratempo para aqueles que defendem que o marketing "mudou"? Que é preciso as empresas aderirem ao conceito de "marketing de atracção"...

Claro que isto é discutível, mas permito-me retirar algumas conclusões da análise da Apple:
  1. ter os melhores produtos para resolver os problemas das pessoas ainda é a melhor forma de vender. Nesta época de compras, até tive oportunidade de comparar o ipod com outros leitores de mp3 e faz-me imensa confusão como é que os outros concorrentes ainda não conseguiram copiar aquilo direito. Como é que o ipod ainda é tão melhor que toda a concorrência?
  2. o que mais interessa no marketing não é a forma de promoção. A Apple pode até ser "antiquada" na promoção, mas a sua estratégia de marketing acertou em cheio, porque posicionou as suas marcas como o mais "cool" para os segmentos certos (adolescentes para o ipod, jovens adultos urbanos para o iphone, por exemplo) e isso é muito mais importante que o tipo de publicidade que a empresa adopta.
  3. mesmo que não faça publicidade pay-per-click, qualquer busca no Google sobre leitores de mp3 apresenta uma página com o ipod nos primeiros lugares, da mesma forma que uma busca por smartphones apresenta páginas com o iphone nos primeiros. Ou seja, a optimização para os motores de busca foi feita...
No fundo, a principal conclusão, na minha opinião, é que o marketing (clássico ou online, com ou sem uso das redes sociais, com ou sem publicidade pay-per-click) tem que ir muito para além da publicidade, tem que começar muito antes.
Se a segmentação e o posicionamento não forem bem feitos, não há publicidade que faça milagres!

Mais sobre o assunto neste outro artigo.


1 comentários:

Anónimo disse...

"faz-me imensa confusão como é que os outros concorrentes ainda não conseguiram copiar aquilo direito. Como é que o ipod ainda é tão melhor que toda a concorrência?"

As Patentes explicam grande parte dessa impossibilidade.